segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ELIS REGINA CANTA "LAPINHA"

Sociedade Sem Escolas



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A PONTE - MARCELO ROQUE

A Ponte

Entre nós, de silêncios,
hei de construir uma ponte
Sobre um caudaloso e profundo
rio de palavras

Marcelo Roque

O QUE O VENTO NÃO LEVOU... (Mário Quintana )


No fim tu hás de ver que
as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:


um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso,
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia
o próprio vento...

Um País Cheio de Vítimas


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Carlos Alberto Lungarzo
Anistia Internacional (USA) – 2152711
Se eu não conhecesse bem o caso Battisti e, além disso, acreditasse na boa fé da grande mídia, pensaria que os inimigos do escritor italiano estão sendo muito generosos. Com efeito, será verdade que ele matou apenas quatro pessoas? Vocês pensarão por que me faço uma pergunta tão idiota. O motivo de minha curiosidade é o seguinte: Itália é um tradicional país cristão, onde até há pouco tempo as famílias tinham muitos filhos. Aliás, conservadores piedosos e crédulos aceitam todos os filhos que “Deus manda”. Durante as décadas de 20, 30 e parte de 40, o aumento de número das famílias foi estimulado com recomendações, prêmios, medalhas e elogios. O Duce Benito Mussolini distribuía pessoalmente honrarias entre as famílias mais férteis, e os parabenizava por produzir mais soldados para a glória do Fascio, já que a Pátria precisava matar muitos albaneses, ciganos, negros e outros monstruos.
Apesar de tudo isso, porém, será que apenas quatro pessoas (ou seja, os quatro mortos que a Itália pretende atribuir a Battisti) podem ter tantos familiares???
Com efeito, parece praticamente infinito o número de familiares das vítimas que aparecem em todos os contextos italianos da vendetta anti-Battisti: nos discursos de políticos, magistrados e policiais, na mídia, nas sociedades de vítimas, etc. Esses familiares de vítimas se consideram também eles vítimas e, de fato, alguns deles são. Alberto Torregiani, por exemplo, foi atingido por uma bala durante o tiroteio entre seu pai e membros dos PAC. Os outros podem considerar-se vítimas emocionais, pois perderam seus seres queridos.
Minha dúvida provém deste fato: apesar de meus esforços não consigo avaliar quantas são, aproximadamente, essas vítimas. Elas estão em todos os lados: são apresentadas à União Européia, são mencionadas nos discursos de Berlusconi, La Russa, Frattini, Alfano, Napolitano, são alvo de reportagens múltiplos em todos os jornais, revistas e magazines. Que esquisito! Um país que acabou a guerra em 1945 tem mais vítimas que o resto da humanidade, onde vários países estão em guerra permanente.
As vítimas possuem associações que rendem homenagem a todos os que, segundo eles, foram assassinados pela esquerda, o que eles chamam terrorismo rosso [vermelho]. Algumas vezes, de maneira rápido e a contragosto, os diretores dessas associações de vítimas falam do terrorismo nero [preto], apesar de que só em pouquíssimos locais usam a palavra “fascista”.
O problema é o seguinte: desde 1969, quando grupos fascistas atacaram Piazza Fontana, em Milão, até 1980, quando outros fascistas explodiram a estação de trem de Bolonha, os terroristas pretos praticaram 11 super atentados (chamados stragi, estragos), com explosivos de alto poder fornecido pelo Exército e pela Marinha. Esses atentados, cujo objetivo era produzir o pânico para poder justificar um golpe de estado (dentro de um projeto planejado pela CIA, a NATO, a DC, os militares, os neofascistas e outros) matavam a qualquer um que andava por perto, fosse de esquerda, de direita ou sem ideologia nenhuma.
Portanto, as sociedades das vítimas, usualmente comandadas por pró-fascistas e alguns pseudo-pós-stalinistas, não podiam ignorar tamanhas calamidades. Só o ataque a Bolonha produziu, em 3 minutos, 85 mortos e mais de 200 mutilados, de todas as idades, atividades, sexo, classe social, etc. É claro que uma sociedade de apoio às vítimas não pode esquecer aqueles atentados, pois, entre os grandes estragos e os pequenos (estes foram centenas) morreram centenas de pessoas e houve milhares de aleijados e mutilados.
Os grupos que realizaram todos esses atos de terror incluíam, pelo menos, os seguintes, mas havia outros que não ficaram bem conhecidos:


Nome
Doutrina
Sigla
Data
Fundadores
Movimento Sociale Italiano
Grande Movimento de Restauração do Fascismo.
MSI
1946
Fascistas Históricos
Movimento de dimensões médias, terrorista e violento.
AN
1960
Della Chiaie
Grupo pequeno. Mistura de nazismo com Maoísmo.
OLP
1969
Estudantes
Ordine Nuovo
O mais importante da época, místico, violento, terrorista, admirador de Hitler.
ON
1969
Clemente Graziani
Pequeno. Nacionalista e militarista, com interesses sociais.

1976
Estudantes de ultradireita
Pequeno. Populista e organicista, com tendência a ação direita.

1977
Grupos espontâneos
Ultraterrorista, com 33 assassinatos diretos e 85 vítimas em atentados.
NAR
1977
Valerio Fioravanti


Os principais estragos, que foram os que colocaram toda a população italiana em estado de terror, e serviram para que a direita pudesse atacar à esquerda “para eliminar o terrorismo”, foram muitos, mas os seguintes são os principais:


Atentados Massivos de Autoria Fascista
Data
Evento
Ms
Fs
Autores
08-09/
08/69
Bombas-Teste em Trens.
10 bombas de baixo poder foram colocadas em 10 diferentes trens. Dessas, 8 explodiram. Estes testes se repetiram durante o resto do ano.
0
0
Foi acusada a esquerda em geral, principalmente os anarquistas, mas a autoria foi de Ordine Nuovo. (Ver 4.A.3)
12/12/69
Massacre de Piazza Fontana em Milão.
Explosivos poderosos foram colocados na Banca Nazionale dell' Agricoltura.

17
88
O governo culpou aos anarquistas. Em 1999, o General Giandelio Maletti, ex-chefe de um  SSc confessou que Ordine Novo, filiado ao OG, cometeu o atentado para culpar à esquerda.
12/12/69
Bombardeios simultâneos em Roma.
Três bombas foram ativadas ao mesmo tempo num banco e um monumento em Roma.
0
13?
Mesma situação que no caso de Piazza Fontana.
22/07/70
Bombardeio a um trem na Calábria.
Uma bomba explodiu no expresso Freccia del Sud, na Calábria.
6
136
Grupo fascista MSI?
1972
Bombardeio de três policiais.
Perto de Veneza, três carabinieri são atingidos por explosivos deixados num carro ao atender uma falsa denúncia.
3
0
Polícia e MP culparam à esquerda em geral. Algo depois, Vincenzo Vinciguerra, membro do OG, reconheceu a autoria do atentado.
17/05/73
Ataque a Quartéis da Polícia.
Quartéis da polícia de Milão foram atacados.
4
45
Gianfranco Bertolli, que se fez passar por anarquista. Descobriu-se que era agente do SID e membro do OG.
11/73
Explosão de Aeronave.
Um avião da Força Aérea Italiana usado pelo serviço secreto explodiu no ar.
4
0
O General Geraldo Serraville, chefe do OG entre 1971 e 1974, acredita que foi uma ação dos próprios agentes de Gladio.
28/05/74
Massacre in Piazza della Loggia.
Uma bomba foi lançada em Piazza della Loggia (Brescia), durante uma manifestação sindical.
8
103
Fascistas e Policiais. Os instigadores e organizadores eram membros de alto nível da OG. O caso foi abafado depois de muita investigação.
Foi detido Delfo Zorzi, membro do grupo fascista Ordine Nuovo em colaboração com outros dois grupos neofascistas menores.
08/74
Bomba em Trem Italicus.
Uma bomba foi colocada no trem Italicus, cujo percurso era Roma-Munich.
12
105?
Um grupo fascista pouco conhecido, Ordine Nero, assumiu neste caso o atentando.
20/08/80
Estação Central de Bolonha.
Uma bomba explodiu na sala de espera de 2a classe a Estação Central Ferroviária de Bolonha. Esta cidade era um grande bastião eleitoral dos comunistas e já tinha sido atacada antes.
85
Mais de 200
Justiça e polícia acusaram à esquerda, porém os neofascistas dos Núcleos Armados Revolucionários (NAR) assumiram ter colocado explosivos de uso militar.
23/12/84
Trem Bombardeado em Movimento.
Num trem que fazia o percurso entre Florença e Roma, explode uma bomba de alto poder.
16
Mais de 200
Atribuído a neofascistas, auxiliados pela Máfia e a Camorra.


Alguns dos autores destes atentados foram amigos do ministro Ignázio La Russa, que, quando era jovem, também ele mesmo atuou em atos de violência de estilo menor. La Russa promoveu um grande ataque contra as juventudes de esquerda em 1973, na praça de San Babila, em Milão, liderando um bando de adolescentes fascistas armados.
Dado este quadro, as associações de vítimas também devem honrar as vítimas do terrorismo fascista e não apenas as vítimas da violência de esquerda. Mas, isso significaria reconhecer que a esquerda não foi a única culpável, pois os crimes dos fascistas produziram vítimas em número muito maior que os ataques da esquerda. As associações de vítimas, formadas por familiares de policiais, militares e magistrados executados pela esquerda, mas também de pessoas inocentes que morreram nos ataques fascistas, estavam numa encruzilhada. Não podiam deixar de condenar os estragos. Aliás, todos os anos se lembram em grandes atos as vítimas de estes super-atentados. Mas tampouco podiam denunciar os autores, porque estes autores eram fascistas e, portanto, do mesmo naipe.
Inicialmente, o truque era acusar dos grandes estragos também à esquerda. Mas essa mentira foi exagerada demais. Com efeito, em 1969, a polícia e os fascistas civis, colocaram a culpa do estrago de Piazza Fontana num operário anarquista, Giuseppe Pinelli. Mas, na época, a opinião pública italiana, que ainda contava com uma esquerda organizada, não era tão fácil de manipular, e muitos começaram a suspeitar. Quando era impossível continuar mantendo a farsa, o delegado Calabresi, que tinha Pinelli prisioneiro, o “ajudou a cair” do 4º piso da delegacia. Claro que ele calou a boca para sempre.
Mas surgiram outras complicações. Não todos os fascistas italianos, mas alguns deles, são corajosos e gostam se gabar de seus crimes. Isso não o faz melhores, mas não são covardes com seus bajuladores e capachos no Brasil. Vários deles, como Vincenzo Vinciguerra confessaram abertamente suas ações terroristas e se orgulharam delas. Mesmo nesse clima de corrupção institucional, era difícil, com tantas confissões e indícios, colocar a culpa na esquerda. Então, os magistrados acabaram condenando alguns fascistas, que, alguns meses depois ou alguns anos (quando o assunto estava menos quente), era liberados pelo Supremo Tribunal (Corte de Cassazione).
Mas, o que fizeram as sociedades de vítimas?. Estas, dirigidas pela alta classe média burocrática, por policiais, magistrados, militares e afins, não queriam levantar suspeitas contra os fascistas, porque isso era uma espécie de auto-ataque. Precisavam usar truques. Por exemplo, em novembro de 1977, o policial Giovanni Santoni, chefe do Comando Móvel, mandou abrir fogo contra uma coluna pacífica de estu­dantes, um fato se­guido pela morte “misteriosa” de Giorgiana Masi, uma estudante de 19 anos. As associações de vítimas não podiam dizer que tinham sido os esquerdistas os autores do crime, pois foi evidente para todos que os tiros provinham da polícia. Então, em um dos sites que mantêm os infinitos grupos de vítimas, dizem que a menina morreu durante um confronto “confuso”. Em seguida, mencionam que a esquerda saiu na rua a protestar pela morte da menina, e que houve “vários” feridos por culpa dessa protesta.
Enfim. Houve vítimas individuais da esquerda, geralmente magistrados, torturadores e membros das forças repressivas, mas houve muitas mais dos fascistas, que aliás, matavam qualquer um, porque seu único objetivo era o terror. Ora, quem perdeu um ser querido num ataque fascista a bomba não está tão interessado em culpar a esquerda pelo fato. O que eles querem, geralmente, é represália contra os autores. É por isso que os dirigentes das sociedades de vítimas são geralmente pessoas com bastante traquejo político. Eles conseguem convencer os outros parentes das vítimas, de que tudo foi, de uma maneira ou outra, culpa da esquerda. As vítimas quase nunca falam contra os fascistas. Em 2008, Francesca Mambro, acusada do estrago de Bolonha, foi colocada em liberdade vigiada. É verdade que existem suspeitas de que ela não foi a verdadeira autora, mas foi acusada para salvar outros fascistas de maior gabarito, como um ex-ministro e um general. Mas, de qualquer maneira, ela esteve envolvida em atos de terror fascista, mesmo que fossem muito menores que esse.
Entretanto, aquele bando de vingadores e vítimas, não reclamou de que esta menina, seu namorado, e muitos outros fascistas perigosíssimos (Celli, Delle Chiaie, etc.) estejam livres. Mas se preocupam de que Cesare Battisti esteja a 10.000 Km de distância, apesar de que ninguém que tenha QI maior do que 0,5 pode acreditar que ele cometeu alguns dos crimes que lhes atribuem.
Então: há vítimas por todos os lados. Vítimas que vão ao Parlamento Europeu, que dão dúzias de entrevistas por Rádio e TV, que escrevem em jornais, e ameaçam de vez em quando vir ao Brasil. Até o representante de Comissão Européia, o oportunista Stefan Füle (que já foi stalinista e também contato da NATO, segundo o sopro do vento) disse que reverenciava as vítimas, apesar do qual manteve distância da ridícula e lastimável palhaçada dos parlamentares italianos no Parlamento Europeu.
Não acho raro que existam milhares de vítimas, mas o que acho muito esquisito é que todas elas sejam consideradas vítimas, ou parentes das vítimas de Battisti. Por isso, no começo deste artigo me perguntei: “quantas pessoas matou Battisti, para poder produzir tamanha quantidade de parentes das vítimas.” Alberto Torregiani, que parece bem mais inteligente que os outros, fez um esclarecimento quando as multidões de vítimas de Battisti pareciam ocupar todo o planeta. Ele disse que “as vítimas de Battisti” eram solidárias também com as vítimas de outros terroristas. Assim está melhor; já pensávamos que Battisti tinha ganhado do próprio Stalin no número de mortos.
É interessante ler o que se descreve no blog brasileiro Outras Palavras. Os autores, que parecem bem informados, afirmam que a mídia chegou a inventar vítimas inexistentes, com nomes fictícios. Segundo os autores do blog, as organizações Globo e o Grupo Folha foram mestres da criatividade nessa rubrica.
Mas, as vítimas, seus parentes, e as sociedades a que pertencem, estão sendo muito úteis para elevar a um grau de absoluto paroxismo o clima de insanidade e ódio antibrasileiro que há naquela “República do Bunga-Bunga. Por exemplo, o presidente da sociedade de vítimas do estrago de Bolonha é um ativo líder do movimento linchador de Battisti. Se não fosse pelos interesses subjacentes (dinheiro e ódio), não daria para entender. Os fascistas são os principais inimigos de Battisti; eles, por sua vez, matam e ferem em total quase 300 pessoas de identidade diversa. E então, o presidente das vítimas, considera Battisti seu inimigo. Dos verdadeiros colocadores das bombas, nem se lembra!
É curioso. No direito moderno, um criminoso é punido para segurança da sociedade, e não para deleite das vítimas. Que eu saiba, essa satisfação dos parentes das vítimas de ver o executor sendo arrebentado, era conhecida por vendetta ou feudo de sangue. É verdade que toda sociedade primitiva tem uma enorme parcela de vingadores, o que acontece em longa escala na América Latina. Entretanto, minha geração nunca viu um governo de um país dito civilizado apregoar a vendetta. Segundo meus antepassados, Mussolini, o imperador Hiroíto, o tirano Franco, Hitler e outros proclamavam vingança publicamente, mas depois de 1945, nunca o conceito de vendetta entrou na linguagem oficial de um governo de um país Ocidental.
A Itália sofreu realmente um grande desfalque depois de Beccaria e outros iluministas, pois voltaram aos princípios jurídicos da sociedade Greco-romana, ou talvez, anterior. As ladainhas repetidas milhares de vezes sobre as infinitas vítimas de Battisti para justificar sua extradição, nos fazem lembrar os tempos em que o crime não era um ato contra o equilíbrio social e o convívio humano, mas uma ofensa contra as vítimas, e portanto a punição devia ser cobrada por elas mesmas, ou por alguém com autoridade como o pater familias.
Daí também surge a noção de soberania jurídica usada nos casos de extradição (embora a primeira extradição registrada seja só do século 6º). Quando Itália reclama Battisti em nome dos milhares de vítimas, queixa-se de que sua soberania está sendo violada. Pessoas simples se perguntam:
“Eles querem tirar uma pessoa que está em nosso país, que nosso governo protege, e ainda falam de que a gente quer violar a sua soberania?”
Mas a idéia spaghetti de soberania tem sua lógica. Na soberania imperial e familiar, o delinquente não tem direitos próprios: ele é propriedade do clã, da família, da tribo, e, no caso em apreço, desse grande clã chamado estado. Então, Battisti não é um ser humano independente que nasceu na Itália: ele é uma propriedade da Itália, que o Brasil tem roubado.
Para a filosofia “vendetteira”, confortar as vítimas não é fazer suas vidas mais agradáveis, não e colaborar na recuperação psicológica e social, não é tornar a sociedade mais humana. Um exemplo disso é que, segundo algumas fontes, o jovem Torregiani deveu esperar anos antes de receber uma pensão do Estado. Nesse caso, e em muitos outros (algumas vítimas do terror preto ou vermelho, lutam duramente para obter alguns euros para sobreviver) o conforto das vítimas é entendido como na filosofia dos antigos clãs escoceses: Nemo me impune lacessit: “Ninguém pode me fazer dano e ficar impune”. Ou seja, a mais pura, simples, crua e selvagem vendetta, estendida até a quem não teve nada a ver, como Battisti, que não disparou, nem comprou nem fabricou a bala com que Pierluigi Torregiani, um homem que andava sempre armado, disparou por engano sobre seu filho.
O presidente Napolitano, que não por nada soube fazer a cambalhota certa no momento certo (apoiar o massacre de Hungria, quando os soviéticos eram ricos, e repudiar a invasão quase pacífica da Tchecoslováquia quando os soviéticos eram pobres), usa também as vítimas como motivo. Num dos fragmentos da carta a Dilma, o famoso ex-pós-stalinista do poder diz que entregar a Battisti será uma maneira de satisfazer às vítimas e fechar uma história de sangue.
Accidenti! Será que Battisti é Superman? Um único homem pode salvar os pecados de toda uma geração, quase como fez Jesucristo com os pecados de toda a humanidade?
Os mais de 2 milhares de vítimas podem ser redimidos com o sangue e a tortura de um único sujeito, um cara que escreve livros e cuida de sua família desde há 30 anos? Será então que aqueles milhares de vítimas são todas produzidas por ele? Bom, se for assim, minhas dúvidas são corretas. Para que os familiares das vítimas sejam milhares, os mortos e feridos devem ser quase 100 e não apenas 4. Então, ou os magistrados se enganam, e Battisti realmente matou 100 pessoas, ou as famílias tiveram muito mais filhos que os pretendidos pelo famoso Duce.
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